domingo, 4 de outubro de 2009

Breve história sobre o Sikhismo - 1a Parte




A palavra Sikh provem do sânscrito shishya que significa discípulo ou aluno. A língua páli, língua dos escritos budistas, possui o termo Sekha. Mas foi a forma Sikh ,na língua Penjab, que acabou sendo usada para designar os discípulos de Guru Nanak e de seus nove sucessores.
O Sikhismo nasceu no Penjab, noroeste da Índia, região cortada por cinco rios de onde originou seu nome, PANJ (cinco) AB (rio).
O fundador da fé Sikh, Guru Nanak, nasceu em 1469. Seu pai, Kalyan Chand (Kalú), pertencia a um clã de kshatrias (guerreiros) e vivia numa pequena cidade a 60 km ao sudoeste de Lahore.
O homem, para Guru Nanak, é a criação de Deus e participa de Sua própria Luz. Uma vez que o homem é da linhagem divina, ele é essencialmente bom e não mau.
O mal, segundo o Sikhismo, não é algo inerente à condição humana. Ele provém da ignorância do homem sobre sua origem divina e de seu haumai (1), causa de todos os sofrimentos; o que o separa de sua Fonte Original.
Ele chamava o Ser Supremo Único e sem forma simplesmente de Um (Ek Ong Kar), sem segundo, que é eterno, infinito e que penetra em tudo. Ele não é limitado pelo tempo. Ele existe por si mesmo desde sempre e Ele é a fonte do Amor e da Graça.
Os sikhs buscam a união com Deus através da leitura do Guru Granth Sahib e através de serviços prestados à comunidade.
1. haumai- o ego e a preocupação consigo mesmo que acaba levando o indivíduo à cegueira espiritual e ao desconhecimento.

Guru Nanak não ensinava sua própria sabedoria, ele pregava aquilo que segundo ele dizia, o Senhor lhe havia ensinado. Em sua bani ou Palavra inspirada, ele falava enquanto testemunha de uma Revelação. Em um de seus versos diz: “Da forma como o Senhor envia a Palavra eu a transmito”. Ou ainda, “Eu digo somente aquilo que Tu me fazes dizer”. É desta forma que Guru Nanak considerava ter cumprido a tarefa que Deus lhe havia confiado. No fim de suas viagens de pregação foi morar em uma pequena vila fundada por ele mesmo, na margem do rio Ravî. Neste local formou-se uma comunidade de discípulos, uma associação de homens engajados em suas ocupações diárias. O elemento fundamental desta reestruturação da vida religiosa e social era o espírito seva, ou o serviço voluntário. Ações concretas de caridade e assistência mútua eram realizadas voluntariamente com zelo e engajamento pessoal e consideradas como um dever piedoso por todos os membros. Guru Nanak cultivava suas próprias terras para garantir a subsistência de si mesmo e de sua família. Esta sociedade que começava a se estabelecer foi precursora do Sikhismo histórico e recebeu de Guru Nanak toda sua inspiração. Foi ele quem determinou suas principais verdades e doutrinas. Sob sua inspiração o Sikhismo adquiriu certos traços institucionais característicos como: o sangat, ou seja, a associação santa em comunidade, o dharmasâla (gudvârâ) e o Iangar (refeitório comunitário). Esta sociedade era depositária das palavras do Guru, através das banis ou Palavras reveladas. Tinha um sistema próprio de escrita, o gurmukhî, (o que sai da boca do Guru), no qual as banis eram deixadas para a posteridade e um estilo próprio para cantá-las.Os membros desta comunidade eram homens simples – agricultores, artesões, mercadores que renunciaram seus antigos laços e aceitaram Guru Nanak como seu Mestre.
Todos rejeitavam o sistema de castas, o culto das imagens e o ritualismo vazio. Apoiavam-se em uma fé ardente no Divino, em práticas morais verdadeiras e em uma aceitação plena da vida. Seus ideais de fraternidade e de seva e suas preocupações quotidianas foram os elementos determinantes da evolução posterior do Sikhismo. A nomeação de um sucessor foi fundamental para a continuação de ensinamentos de Guru Nanak. Seu sucessor foi escolhido entre seus discípulos. Seu nome era Lahinâ, mas Guru Nanak o chamava de Angad, ou seja, um membro de seu próprio corpo, uma parte de si mesmo. Angad se tornou Nanak II. Este processo se repetiu até os tempos do décimo Guru, Guru Gobind Singh. A Luz passava de um corpo para outro (cadeia dourada). A imagem, segundo a tradição Sikh, descreve este processo como sendo o de uma chama que se ascende a partir da outra. O Sikhismo reconhece, desta forma, os dez Gurus que foram um em espírito, embora diferentes no corpo. Eles participaram da mesma luz e revelaram a mesma verdade. Até hoje eles são assim considerados pelos seus fiéis. No sistema Sikh a palavra Guru só é utilizada para os dez profetas espirituais – de Guru Nanak ao Guru Gobind Singh –
Atualmente o cargo de Guru é ocupado pelo Guru Granth – o Livro Sagrado – que foi elevado ao cargo por Guru Gobind Singh, antes de sua morte em 1708. Para os Sikhs o Guru é o Mestre Santo, o Profeta sob autoridade direta de Deus e somente os dez Gurus que se sucederam e o Guru Granth merecem este título.

Fim da 1a parte.


Um comentário:

Anônimo disse...

nao entendi nada da pra falar em português????????